Dois amigos se aventuram rumo ao Alasca a bordo de um Fusca 1967


Sair por aí e viajar de carro é o sonho de muita gente. Alguns querem um carro grande e confortável, outros uma van para curtir o clima hippie. Uns, no entanto, preferem a aventura. Para isso, escolhem um... Fusca. É o caso dos estudantes Mateus Galvão e Igor Ferreira, que saíram do Rio e estão rumando para o Alasca. Sim, o Alasca! Aquele estado lá no topo dos Estados Unidos, que no inverno tem média de 24°C negativos. 

- A ideia surgiu em um churrasco. Um amigo dos nossos pais falou para irmos de Fusca para o Alasca. Foi só aquele papo, mas ninguém pensou que fosse acontecer. Saí do trabalho e pensei que a ideia era maluca, mas era possível. Alguns outros amigos nossos também toparam e decidimos ir de Kombi. Acontece que, na hora da verdade, a galera desistiu e ficamos só nós dois. Por isso optamos pelo Fusca - conta Mateus.

Tudo aconteceu rápido: Mateus saiu do trabalho em julho e perguntou ao amigo Igor se ele topava a ideia. Igor demorou 10 segundos pensando e decidiu que iria junto. A missão era achar um carro relativamente bom e barato para a jornada. 

Mateus conta que achou o carro em Realengo, no subúrbio carioca, fechou negócio e logo colocou o carro na oficina para uma reforma rápida e revisão dos componentes. Em setembro os dois já estavam na estrada.

O Fusquinha 1967 está quase todo original. Os pneus diagonais já furaram mais de seis vezes - Foto: Arquivo pessoal

O Fusquinha verde 1967 é quase todo original. O motor é o original 1300, com sofríveis 46cv de potência na época. Com o tempo, com certeza alguns cavalos se perderam pelo caminho, o que torna o carro ainda mais fraco. Como melhoria, apenas um kit de ignição eletrônica para facilitar a partida do motor e um alternador para gerar energia suficiente para o som e entradas para recarregar o celular. O banco traseiro deu lugar a um armário de madeira reciclada para facilitar a acomodação das bagagens.

Já foram quase 11 mil quilômetros percorridos entre Brasil, Argentina, Chile, Peru, Equador e Colômbia. Hoje, o trio está no sul da Costa Rica, onde pretendem aproveitar um pouco da América Central com calma. Mateus e Igor são surfistas e sempre sonharam em curtir as ondas por lá.

Motorhome brasileiro rebocou o Fusca depois de uma pane elétrica - Foto: Arquivo pessoal

O único momento de apuros aconteceu na fronteira da Argentina com o Chile. Um problema elétrico no sistema de ignição eletrônica deixou os dois a pé no meio do nada. Ambos teriam que dormir em um posto de gasolina, com um frio de quase 2 graus negativos. Por sorte, um motorhome de duas brasileiras também estava por lá e elas rebocaram o carro até o Chile. De lá, um caminhão cegonha do Paraguai ajudou o Fusquinha a chegar em um mecânico e resolver o problema. A melhor parte disso? O conserto foi uma cortesia dos proprietários da oficina, que ficaram impressionados com a aventura.

E para quem também sonha em sair por aí viajando de carro, Mateus deu algumas dicas:

- O primordial é ter coragem, disposição e planejamento. Não é fácil ficar o dia inteiro na estrada, rodando por lugares onde não se vê nada e ninguém. A parte da alimentação também é complicada, ficamos horas sem comer em alguns dias para não atrasar o cronograma. A barreira da língua também é uma dificuldade. Nós falamos espanhol, mas tivemos alguns problemas. Não fizemos um planejamento tão detalhado quanto deveria e sofremos com isso. É necessário um planejamento bem completo para não ser surpreendido com a quantidade de pedágios, como nós fomos. Isso sem contar no susto na hora de embarcar o carro da Colômbia para o Panamá. O frete custaria quase US$ 2 mil (mais de R$ 6.500). Por sorte, conseguimos dividir um container com uma Kombi e uma moto da Argentina, o que nos salvou de gastar uma fortuna nessa parte da viagem - concluiu.



FONTE: O GLOBO

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